sábado, 14 de março de 2020

A árvore linda

Num caminho que trilho sozinho, estara acostumado com a companhia de meu próprio eu. Com minha coberta, precisava de uma árvore confortável para me esbeirar entre as raizes fortes. Sigo até o monte uivante, em seu chão coberto de pedregulhos. Suas pedras cinzas, gramas sem cores, plantas mortas... Até que me deparava com uma ou duas pétalas com cores fortes. Seu rosa radiante me chamou atenção. Seu rosa radiante me despertou certa curiosidade.

Subi pelo caminho coberto de pedregulhos e restos de grama úmida, apenas seguindo aquelas pétalas rosas que apareciam pela frente. Não havia sentido, mas estava me deixando estasiado... Eu havia esquecido o quanto estava cansado. Subi por horas aquele monte, pelo caminho complicado esquecendo completamente de qualquer outra coisa. Aquelas pétalas rosas me levaram até o topo do monte uivante, e me deparei com algo que nunca tinha visto antes: uma linda árvore com suas flores radiantes. Era um composto rosa vívido, uma árvore que chegava a brilhar. Algo completamente despadronizado com o clima, com qualquer coisa morta ao redor. Aquilo era a coisa mais linda da natureza.

Me esbeirei entre suas raizes gordas e fortes, pois havia conforto nelas. A árvore me trazia uma energia revigorante, completamente diferente do clima da região. Aquilo era único, uma beleza esbelta que não fazia sentido. As pétalas das flores da árvore caíam no meu corpo, enquanto algumas folhas de galhos amorteciam o resto que descobriam os caules. Fiquei por dias ali, vivendo entre suas raízes como se fosse uma casa. Aquela seria uma nova casa para mim? Aquela casa era tão revigorante para esse meu inverno triste e frio!

Até que certo dia, enquanto o inverno ainda passava, a árvore começou a perder sua cor. Não fazia sentido o nascimento daquela árvore naquele monte uivante com suas névoas frias e assustadoras, e muito menos a morte prematura da mesma. Mas eu cria que era impressão minha. Eu cria que nenhum sonho é impossível. Porém aquelas raízes começaram a envelhecer, as flores perdiam seu rosa claro, e as folhas dos galhos despedaçavam. Passavam dias e começou a acontecer... A raiz começara a me expulsar, já não era confortável deitar nelas. Com o passar do tempo, enquanto deitava ainda perto das pequenas sombras que ainda me restavam daquela árvore, os galhos se descobriam por conta da falta das folhas. As flores já se viraram apenas em caules sujos e mortos, e já não me restava nenhum rosa. Eu já desconhecera a beleza do que já foi aquela árvore.

Até que um dia eu tive que ir embora, e seguir meu rumo... Olhara para trás inúmeras vezes, imaginando aquele rosa que havia visto uma vez, e enquanto descia o monte, sequer me lembrava o caminho que havia me perpetuado. Sequer sabia o que me havia acontecido. Era apenas eu mais uma vez trilhando meu caminho para um novo aconchego... Sabendo que talvez tenha que me mudar de novo. Sabendo que teria que esfriar mais um fogo.

Nunca acreditei no que o rosa poderia me proporcionar, simplesmente vivi os momentos. Simplesmente me entreguei, deitei, me aconcheguei. E me decepcionei. Mas já era previsível: no clima que vivo, o rosa perde sua cor.




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