sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Rotina

Eu acordo dos meus sonhos, que nem ao menos lembro exatamente. Levanto-me da cama com um saltar para desligar o despertador, já me pondo em postura para ficar de pé. Mais um dia. 

Não vejo a hora de acabar.

Me ponho à cadeira e forço a comer, para não passar fome pela manhã no serviço. Eu não sinto vontade de comer. Tomo meu café, que por sinal é um dos únicos gostos meus do dia-a-dia. Mexo no meu celular: apenas futilidades. Nada de útil me vem neste aparelho, a não ser pessoas como eu procurando algo que nem ao mesmo sabem.

Hora de ir para o serviço. Não vejo a hora de chegar lá de uma vez.

Chego no trabalho. Passam-se 1 hora e meia, e eu paro e penso no porquê exatamente eu estava chorando na noite passada. É óbvio que são minhas manias e paranoias, apesar de desconhecer os motivos reais. Apenas meu inconsciente, ou aos leigos, meu lado "dual", poderia me explicar o que eu ando reparando no meu dia-a-dia que me frustra tanto. Agora uma parte interessante: muito provavelmente não faria questão de parecer triste e frustrado para os meus colegas do serviço. Se eles comentarem, logicamente não faria a menor diferença para mim. Já não me faz diferença como me veêm. Acontece que, eu simplesmente estou desanimado do meio social. Não há algo que explique melhor a depressão do que a lapidação que possuo com experiências nos relacionamentos amigáveis, amorosos e familiares. Todo esse trio está desustruturado.

Perdido em pensamentos, chega o intervalo. Hora de ir para casa almoçar, e já estou pensando no meu sono pós-almoço. Eu sempre penso no que virá depois.

Não vejo a hora do dia acabar.

Eu chego mais uma vez no meu expediente, e já não aguento mais olhar para a cara das pessoas que atendo. Sempre falsas, intolerantes, grotescas ou fúteis. Porém eu estampo meu sorriso pela segunda parte deste dia, e já calculo as horas de eu chegar mais uma vez em casa. Passam-se horas, tudo que eu tenho que fazer já não passa mais de uma rotina diária. Todo dia é uma segunda-feira, com espaços-tempo diferentes. Todos os dias são iguais.

Não vejo a hora de chegar em casa.

Deito na cama pós serviço e não sinto sequer vontade de ler um livro, ou jogar videogame. São coisas divertidas, mas que me fizeram perder o gosto. Já não desejo mais estar exatamente na minha zona de lazer... pois não vejo a hora de ir dormir. O mais estranho e engraçado disso tudo, é que a única parte boa é a transposição da minha vida ao mundo dos sonhos.

Com a apatia que possuo pelo mundo real, eu adoraria uma passagem apenas de ida a essa terra. Ainda não testei essa transação, mas um dia irei.


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